quarta-feira, novembro 19, 2008


"Há certas horas, em que não precisamos de um Amor...

Não precisamos da paixão desmedida...

Não queremos beijo na boca...

E nem corpos a se encontrar na maciez de uma cama...


Há certas horas, que só queremos a mão no ombro, o abraço apertado ou mesmo o estar ali, quietinho, ao lado...

Sem nada dizer...


Há certas horas, quando sentimos que estamos pra chorar, que desejamos uma presença amiga, a nos ouvir paciente, a brincar com a gente, a nos fazer sorrir...


Alguém que ria de nossas piadas sem graça...

Que ache nossas tristezas as maiores do mundo...

Que nos teça elogios sem fim...

E que apesar de todas essas mentiras úteis, nos seja de uma sinceridadeinquestionável...


Que nos mande calar a boca ou nos evite um gesto impensado...

Alguém que nos possa dizer:


Acho que você está errado, mas estou do seu lado...

Ou alguém que apenas diga:
Sou seu amor! E estou Aqui!"


William Shakespeare

quinta-feira, novembro 06, 2008



... Então a raposa apareceu





- "Bom dia", disse a raposa.




- "Bom dia", o Pequeno Príncipe respondeu educadamente. "Quem é você? Você é tão bonita de se olhar."




- "Eu sou uma raposa", disse a raposa.




- "Venha brincar comigo", propôs o Pequeno Príncipe. "Eu estou tão triste."




- "Eu não posso brincar com você", a raposa disse. "Eu não estou cativada."




- "O que significa isso - cativar?"




- "É uma coisa que as pessoas freqüentemente negligenciam", disse a raposa. "Significa estabelecer laços." "Sim", disse a raposa. "Para mim você é apenas um menininho e eu não tenho necessidade de você. E você por sua vez, não tem nenhuma necessidade de mim. Para você eu não sou nada mais do que uma raposa, mas se você me cativar então nós precisaremos um do outro".




A raposa olhou fixamente para o Pequeno Príncipe durante muito tempo e disse:




- "Por favor cativa-me."




- "O que eu devo fazer para cativar você?", perguntou o Pequeno Príncipe.


- "Você deve ser muito paciente", disse a raposa. "Primeiro você vai sentar a uma pequena distância de mim e não vai dizer nada. Palavras são as fontes de desentendimento. Mas você se sentará um pouco mais perto de mim todo dia."




No dia seguinte o principezinho voltou.




- "Teria sido melhor voltares à mesma hora", disse a raposa. "Se tu vens por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens por exemplo a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... É preciso ritos".




Então o Pequeno Príncipe cativou a raposa e depois chegou a hora da partida dele.




- "Oh!", disse a raposa. "Eu vou chorar".




- "A culpa é sua", disse o Pequeno Príncipe, "mas você mesma quis que eu a cativasse".




- "Adeus", disse o Pequeno Príncipe.




- "Adeus", disse a raposa.




"E agora eu vou contar a você um segredo: nós só podemos ver perfeitamente com o coração; o que é essencial é invisível aos olhos. Os homens têm esquecido esta verdade. Mas você não deve esquecê-la. Você se torna eternamente responsável por aquilo que cativa."
(Saint-Exupéry)

quarta-feira, outubro 29, 2008

"As limitações das minhas palavras são as limitações da minha mente. Tudo o que eu conheço é aquilo para o que tenho palavras"

"The limits of my words are the limits of my mind. All I know is what I have words for"
frase de Ludwig Wittgenstein
Que músicas você escuta, quando deseja relaxar e descansar? As letras, conceitos e abstrações dessas músicas estão sendo programadas em sua mente. Minuto a minuto.

Se as letras são confusas, tristes, caóticas ou mostram uma visão rebelde do mundo, se perguntam em desespero “o que fazer”, mas não oferecem respostas adequadas – ou se apenas somam mais dúvidas à sua mente faminta por respostas, mais cedo ou mais tarde você começará a emular aquilo que elas dizem.

Quando acontecer, a beleza poética de uma canção solitária vai se tornar seu hino de tristeza e confusão.

Sua mente ficará presa em um labirinto de perguntas sem respostas.

Mas você terá absoluta certeza de que sua mente está sentindo e captando a realidade objetiva e jamais conectará as tristezas e as dúvidas “da vida real” às canções que passou anos escutando e às letras às quais está ancorado.

Você jamais notará que tudo começou com a escolha daquilo que entrava em sua mente.

Que filmes você escolhe para assistir, quando chega o momento de relaxar? As imagens e reações dos personagens estão sendo programadas em sua mente. Minuto a minuto.

Se os filmes que você assiste mostram personagens e roteiros que inserem medo, pavor, desconfiança, arrogância, tristeza, relacionamentos que não funcionam, desesperança e fracasso em sua mente, é exatamente isso o que você verá ao seu redor, mais cedo ou mais tarde.

Sua mente ficará presa ao medo de situações, pessoas ou monstros reais ou irreais.


Mas você terá absoluta certeza de que sua mente está captando a realidade objetiva e jamais conectará os medos internos e as dúvidas da “vida real” aos filmes que passou anos assistindo e aos quais está ancorado.

Você jamais notará que tudo começou com a escolha daquilo que entrava em sua mente.

Que livros você lê? Que revistas você escolhe para folhear? Que programas de TV você assiste? Que pessoas você escuta? O que você diz para sua mente, quando está pensando em algo?

A cada minuto, sua mente observa e copia tudo aquilo que entra em seu cérebro, usando para isso um único critério: a quantidade.

É a quantidade de repetições de uma idéia, um conceito ou um sentimento que fará com que você passe a acreditar no caos ou na ordem, na tristeza ou na felicidade, nas soluções ou nos becos sem saída.

É um processo lento mas tão certo quanto 2+2=4. Quem aposta nele, sempre vence. Quem não lhe dá atenção, se perde na floresta da vida.

Você jamais notará que tudo começou com a escolha daquilo que entrava em sua mente.

Até este texto, fará parte de seu repertório interior, quando chegar o momento de agir. Por isso Ludwig Wittgenstein diz que "As limitações das minhas palavras são as limitações da minha mente. Tudo o que eu conheço é aquilo para o que tenho palavras".

Escolha e filtre cada uma das palavras que atingem sua mente, mesmo que venham embaladas em "cavalos de tróia" de belas canções, filmes populares ou programas de TV que "todos" assistem.

Você não é "todos", e sabe disso. Ou não estaria lendo um artigo que explica como ser o trigo, em um mundo cercado de joios.


Aldo Novak

sexta-feira, junho 20, 2008

Loucos e Santos
Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco. Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilder