domingo, junho 10, 2007

Sapo verde
Antonio Miranda Fernandes

Ah moça girassol dos lábios cerejas
Adormecida na madrugada nem imagina,
Ao embalo de cantos gregorianos em surdina,
Como está maravilhosa e é pena não vejas.

Versos enternecidos, mesmo queridos, estarão
Distantes das eternidades que vivem,
Nos poucos minutos que ficarão para sempre.

Não retratarão a realidade, pois na verdade
É sonho idílico sem o início para não terminar
Como um círculo sem ponto final.

Voz sussurrada te diz acalentos aos ouvidos
Para não despertar o abandono
E no teu sono ouves poemas apaixonados
Dos desejos de amar amor não amado ainda.

Sorrir sorrisos não sorridos, e finalmente
História povoada de cantos reescrever
Amante, pelo avesso, voltando ao começo
E colocar para fora todo sentimento ainda dentro
Cultivado e que não tinha a quem florescer.

São tão ardentes os teus anseios que
Quis ser príncipe em encantamento no sapo verde
Entre os teus braços, sobre os seios
E que o beijasses e ele despertasse
Para o futuro e ficasse de forma singela
Envolto por róseos laços de seda.
Amanhecendo viçosa rosa amarela na glória de amar
E que na manhã de manhas preguiçosas
O tempo, por fim, se esquecesse.